segunda-feira, abril 28, 2008

Se eu fosse...

Se eu fosse uma cobra - que não sou - preferia ser uma Boa a uma Víbora. É que sempre gostei mais de abraços, mesmo frios, do que picadelas quentes.

domingo, abril 27, 2008

Chico II

O que será? Que será?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
Que gritam nos mercados, que com certeza
Está na natureza, será que será?
O que não tem certeza, nem nunca terá
O que não tem conserto, nem nunca terá
O que não tem tamanho

O que será? Que Será?
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas, mais delirantes
Que juram os profetas, embriagados
Está na romaria dos mutilados
Está nas fantasias dos infelizes
Está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos, dos desvalidos
Em todos os sentidos
Será, que será?
O que não tem decência
Nem nunca terá!
O que não tem censura
Nem nunca terá!
O que não faz sentido...
O que será? Que será?
Que todos os avisos
Não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinosIrão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo padre eterno que nunca foi lá
Olhando aquele infernovai abençoar!
O que não tem governo
Nem nunca terá!
O que não tem vergonha
Nem nunca terá!
O que não tem juízo...

O que será (À flor da terra) in Chico Buarque

Do Chico, com saudade I

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...

A roda da saia mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

Roda Viva, in Chico Buarque

O meu Jacarandá

É oficial, o velho jacarandá da Rua Barata Salgueiro já tem os primeiros cachos de flor da época.
Estamos a 27 de Abril e a floração deveria iniciar-se lá para os fins de Maio.

Nostalagias

Em manhã de calor na minha cidade consegui ouvir na rádio hoje de manhã, tudo de seguida, We are the world, Homeless e o Enola Gay. E senti-me a garota de há 20 anos atrás.

sábado, abril 26, 2008

Cada chefe, cada ... amigo que nós temos

Ao longo da minha vida profissional, como na pessoal, tenho encontrado grandes mestres. De sabedoria inquestionável, de um humanismo genuíno que não se traduz em grandes feitos, mas tão somente nos feitos do dia-a-dia. Aprendi e continuo a aprender com eles. Aprenderei sempre, porque fui educada a acreditar que todos nos completamos no saber.
Mas mais importante do que o saber, aprendi com os meus mestres a respeitar os outros. Esse respeito que não passa pelas discussões, mais ou menos acaloradas pelo vigor do trabalho, mas pelo carácter das pessoas.
O chefe, mesmo a quem se lhe reconhece grande sabedoria, de nada serve se não granjear o respeito dos seus pares, sobretudo daqueles que dirige. Claro que há chefes que entendem que o respeito advém do estatuto ou, talvez, do poder 'divino' de que foram investidos. A História está cheia de maus exemplos destes. É medíocre, o chefe que se impõe pela autoridade e não pelo respeito. E mais tarde ou mais cedo a medíocridade revelar-se-á.
Nos tempos que correm, em que os profissionais das diferentes áreas asseguram a cadeia de produção do seu próprio trabalho, sobra pouco para os chefes que querem brilhar pela sua mão de ferro. Hoje em dia, uma liderança eficiente só se afirma pela gestão de recursos, meios e pessoas.
Eu que sou optimista acho que é uma espécie em vias de extinção, para bem das organizações.

sexta-feira, abril 25, 2008

25 de Abril SEMPRE

Eu sou uma criança de Abril.
O que sou hoje agradeço aos meus pais que me criaram e, felizmente, ainda hoje estão presentes em todos os momentos.
O que sou devo-o aos meus professores, que me ensinaram desde sempre que na escola não iria aprender só a ler e a escrever, mas sobretudo aprenderia a ser gente.
O que sou devo-o ainda aos meus amigos e conhecidos, que me ensinaram a diferença entre uns e outros.
Mas o que sou - o que indiscutivelmente fez a grande diferença na minha vida - devo-o a um grupo de homens que não conheço, mas que me deixaram um País onde podia crescer e falar em liberdade, onde apenas sou responsabilizada pelos meus actos e não pelas minhas opiniões.
Sou jornalista e escrevo em liberdade.
Esta é herança que recebi e que sob compromisso de honra quero deixar aos meus filhos.