quarta-feira, dezembro 05, 2007

Uma taxa pouco ecológica

Já todos saibamos que as preocupações ecológicas são politicamente correctas. Fica bem a qualquer governo dizer que sim e até dar passos concretos para diminuir as reduções de CO2 e de CFC's etc. É o que acontece agora com o governo português e a vontade manifestada pelo ministro do Ambiente de taxar cada saco plástico que nós usamos nas compras do supermercado com 5 cêntimos. Tudo justificado pela necessidade de redução desse inimigo da mãe natureza que se chama plástico.
A ser verdade parece-me uma medida imbecil, cínica e injusta. Imaginemos que as pessoas - sobrecarregadas com um custo de vida de que não há memória desde o último choque petrolífero dos anos 70 - até aderem ao propósito ecológico, porque o tem de pagar, e passam a levar as suas alcofas quando forem às compras. (O que aliás se fazia com regularidade há 20 anos.)
Sobra-me uma pergunta: onde vão depositar o lixo doméstico em suas casas? Resposta: vão comprar higiénicos saquinhos do lixo de plástico, já que não me parece que tenham vontade de recuperar o hábito antigo de usar os jornais para forrar os caixotes de lixo doméstico e a seguir despejá-los a granel nos contentores de recolha de lixo urbano. O que, como está bem de ver, é uma acção muito ecológica de protecção da saúde pública.
Por isso parece-me imbecil. Mas é também uma medida cínica: porque o Estado, pressionado com as limitações às emissões de carbono, pretende ir buscar uma receita adicional através de um taxa que, no mínimo, é ilegal, já que os sacos comerciais que usamos nas compras fazem publicidade.
E é injusto porque num País pequeno e periférico como o nosso, com poucos recursos naturais - ou com os escassos que temos como o vento e o Sol ainda pouco aproveitados - são os contribuintes que continuam a suportar uma imaginação fértil de impostos e taxas para justificar as decisões políticas do Estado. E já não aguentam mais.
Há uma semana o jornal "Expresso" publicava uma reportagem sobre os novos pobres que começavam a recorrer ao Banco Alimentar para conseguir viver. Médicos, professores, pessoas com rendimentos médios de 200o a 3000 euros, habituados a viver com o conforto de não trem necessidade de fazer contas pra ver se o dinheiro chegava até ao fim do mês.
Parece incrível.
E nestes tempos de Natal eu só quero saber como consegue alguém neste País viver com 200 euros de reforma?
Bem pode o sr. ministro Nunes Correia pôr os sacos a 5 cêntimos, que iremos chegar a uma altura em que iremos ao supermercado comprar o saco e olhar para o pão nas prateleiras.

1 comentário:

Júlio Pêgo disse...

Contrariando a teoria maltusiana, a Europa não cresceu demograficamente. Tem-lhe valido a imigração. Talvez o mesmo se passe em Portugal. Só que, à falta duma política de ordenação do território, a assimetria interior/litoral vai aumentando. Neste recuo de industrialização e de empobrecimento agrícola a baixa fixação e natalidade andam de mãos dadas. Gostava de saber se mais algum estado europeu tem IVA de 21%?
Júlio