sexta-feira, junho 13, 2008

Fez-se JUSTIÇA!!

Parabéns Marvila. O meu coração transborda de orgulho.

quinta-feira, junho 12, 2008

Marvila é linda e é NOSSA

Em noite de Santo António na minha cidade ficam as sardinhas prometidas para o ano. Mas o meu coração desfila hoje pela Avenida, com a Liberdade ao peito, ao lado dos marchantes do meu bairro de sempre. Com Marvila, desfila cheio de orgulho o povo da zona oriental de Lisboa que, durante quase 80 anos, os do fascismo e os do inicio da Democracia, viveu esquecido dos poderes públicos e ficou à margem das oportunidades perdidas que renovaram a cidade, a minha cidade, a Oriente.
É por isso que me visto de verde e ergo o copo de sangria a Marvila. Com a confiança e o amor de sempre.

sexta-feira, junho 06, 2008

Números que impressionam

Estava bonito, ontem , o Marquês de Pombal, em Lisboa, com 200 mil pessoas na rua, em dia de calor. Como não concorda com os argumentos da manif do descontentamento (pudera!), o primeiro-ministro achou por bem informar o País de que não se deixava impressionar com os números. Será que José Sócrates manterá a mesma opinião em 2009?

sexta-feira, maio 30, 2008

O caldo informativo

À saída do Metro, lá estava o novo ardina dos tempos modernos de jornal esticado, à espera que o aceitasse. Assim fiz. Mas, não satisfeito, o homem estancou-me o passo com o indicador estendido: 'Ó menina, leve lá o cubo'.
Sem perceber patavina - excepcionalmente ainda não tinha injectado a dose matinal de cafeína - deixei-me 'empurrar' para a direita onde outro ardina escarafunchava qualquer coisa dentro de um saco. Finalmente titrou a mão e esticou-me um maravilhoso caldo Knorr.
Os meus piores receios concretizaram-se: chegámos a era do verdadeiro caldo informativo. Estou a pensar pô-lo a ferver com um litro de água e juntar-lhe umas massinhas de letras.

terça-feira, maio 27, 2008

Até sempre Cadi

São dolorosos os tempos em que observamos alguns de nós a ficarem pelo caminho, antes do tempo. Mesmo para quem usa as palavras como instrumento de trabalho, não há palavras que consigam iludir o pasmo. Ainda que, e sempre, se estivesse à espera de uma paragem inopinada a meio do percurso. Para quem fica nunca é o tempo certo para ver os outros estancar.
em memória de Cadi Fernandes, jornalista do DN

sábado, maio 24, 2008

Confiar

Por que receamos confiar? Por que confiamos e nos desiludimos? Por que nos desiludimos, se antes acreditámos tanto? Porquê?

Os meus jacarandás no caminho do Oriente





Ficam ali na Rua do Açúcar, em frente ao Palácio da Mitra. É uma das mais bonitas e sentidas colónias de Jacarandás de Lisboa.
Não resisti a brincar com os retoques fotográficos na realidade. Assim, como pinceladas de um pintor excêntrico.

sexta-feira, maio 23, 2008

Saudades II

Deve ser do tempo, esta nostalgia por Álvaro de Campos e das "saudades do tempo em que me escorria manteiga nos dedos".

quinta-feira, maio 22, 2008

A exposição que mudou a minha Cidade

Era um entardecer como outro qualquer, mas a paisagem do lado do Tejo tinha mudado, ali para os lados de Beirolas. Recordo-me do dia 21 de Maio de 1998 quando, de regresso a casa - então na Bobadela (Loures) - pelo recém-inaugurado IC2, me senti envolvida pelos acordes do piano de Michael Nyman que o vento trazia da Doca dos Olivais. Foi nesse momento que senti que toda a minha vida passava por aquele espaço. A minha cidade, a oriente, tinha renascido.

Afundar a economia, por sistema gota a gota

A gasolina voltou a aumentar hoje, pela segunda vez nesta semana. Num dia em que correntes de mensagens de sms e email apelam ao não abastecimento nos postos da Galp e da BP, para contrariar a alegada cartelização (acordo na fixação de preços) das duas companhias.
Ficamos a conhecer, através da Agência Lusa, que nas terras de fronteira quase ninguém usa os postos de combustíveis portugueses. Empresas transportadoras poupam até 500 mil euros ano, só por abastecerem os seus camiões em Espanha. São 500 mil euros que se não ajudam a criar, ajudarão por certo a manter empregos numa zona a todos os títulos abandonada pelo Poder Central.
Acontecesse nas cidades do litoral, o que já está a acontecer nas fronteiras, e há muito que a Galp e a BP teriam descido os preços, sem se desculparem com o valor da carga fiscal que pesa sobre o litro dos combustíveis.
É nas cidades do litoral - onde as correntes de solidariedade são difíceis de implementar - que vive a maior parte das pessoas. E, desgraçadamente, não compensa para os cidadãos de Lisboa ou do Porto, ir a Espanha abastecer o depósito.
Bem pode Ferreira de Oliveira, administrador da Galp, pedir ao Estado que reduza os impostos sobre os combustíveis, desresponsabilizando a sua empresa e sacudindo a água do capote da responsabilidade social, porque daqui a uns meses as receitas do abastecimento irão cair a pique e com elas todos os sectores de produção da economia nacional.
As pessoas já não podem pagar (veja-se a diminuição da circulação rodoviária) e as empresas estão no limite. É a asfixia da economia nacional: gota-a-gota.

segunda-feira, maio 19, 2008

O desdém macro e as políticas micro

Bastou meia dúzia de autarquias (Vila Real de Santo António, Alzejur, Santarém, entre outras) terem promovido deslocações dos seus municípes a Cuba, ajudando-os a resolver problemas oftalmológicos de anos a fio, para o Serviço Nacional de Saúde desbloquear não sei quantos milhões para resolver as listas de espera intermináveis das cirurgias oftalmológicas, pressionado pela Ordem dos Médicos.
É impressionante como as politicas locais e centrais andam de costas voltadas, com natural prejuizo das populações.
Sendo que a Saúde não é uma competência do Poder local - legalmente, mesmo que queiram as autarquias não podem gastar um cêntimo com despesas de saúde - face à incapacidade do Estado em resolver os problemas das suas populações, os autarcas obrigaram-se a encontrar meios expeditos de intervenção: a acção social. Assim, os doentes não vão a Cuba para se tratar, mas para melhorar a sua qualidade de vida.
É criticável? Só se for a ineficiência do Estado que permite que as coisas cheguem a este ponto.
Mas o que mais me impressiona é o desdém com que muitos políticos profissionais e voluntários olham para as iniciativas pioneiras do Poder Local, olhando-o como se fosse uma espécie de poderzinho que se usa quando dá jeito. A maioria das ideias inovadoras da política dos últimos anos nasceu em autarquias e, mais tarde ou mais cedo, foi seguida pela Administração Central. Foi assim, quando as autarquias começaram a conceder incentivos ao casamento e à natalidade, procurando travar a desertificação dos seus territórios. A medida foi desdenhada na praça pública e os seus objectivos ridicularizados. Durante oito anos, com a natalidade a descer para indíces absolutamente preocupantes, o Poder Central ia assobiando para lado e dizendo "não é nada comigo, não é nada comigo". Até que em meados de 2007, o Estado inaugurava os apoios oficiais à natalidade concendendo subsídios às grávidas e reforçando os subsídios de nascimento e o abono de família.
Falta a muitos governantes a escola do Poder Local que com "pequenas" decisões políticas conseguiriam resolver grandes problemas das suas populações.

As explicações da TAP e o cigarro do Governo

Bem sei que o assunto já foi devorado pela espuma dos dias, mas só mesmo a falta de tempo me impediu de botar prosa sobre as explicações que a TAP se apressou a dar, quando se tornaram públicas as baforadas do nosso primeiro-ministro a bordo de um avião fretado pelo governo português. E sobre as quais não vi, não ouvi, nem li qulquer espécie de indignação.
Soubemos pela TAP que quando os aviões são fretados, fica ao critério do cliente a decisão do que se faz a bordo. Ou seja, a TAP não diz, mas deixa subentendido, que se um particular, uma empresa ou um governo alugarem um avião podem fazer lá em cima o que se lhes aprouver, sem que existam responsabilidades de maior. (Imaginamos que se houver um homicídio a bordo, la terá de haver uma investigaçãozita...) De resto, pode-se beber, fumar e, quiçá, tudo o mais que a imaginação permitir. E fica-se descansado porque se alugou o avião e só teremos mesmo é de prestar contas sobre o bom estado de conservação do mesmo.
Mesmo assumindo o divertido do disparate, não deixa de ser rídiculo.
Acontece que a TAP é uma companhia de bandeira. Significa isto que é pública, suportada pelo Orçamento de todos os portugueses. A bordo de uma companhia de bandeira, como de um navio com pavilhão ou de uma embaixada está-se em território nacional dessa bandeira, independentemente do espaço aéreo ou das águas territoriais.
Ora, parece-me com os meus escassos conhecimentos de direito, que a lei portuguesa se aplica em todo território nacional. Mesmo em altitude. A lei portuguesa diz que é proibido fumar em espaços fechados e em trasportes públicos. Fretados ou não. É proibido e pronto.
Fica-nos e ficar-nos-á sempre a dúvida de que basta ter dinheiro para alugar um Airbus que, durante o período de voo, poderemos fazer lá dentro o que bem nos apetecer. Os aviões da TAP ganharam assim uma espécie de estatuto de República Livre das Alturas.

quinta-feira, maio 01, 2008

Lágrimas

Durante anos tive um conflito com as lágrimas. Simplesmente não conseguia chorar perante as coisas e as situações. A dor petrificava-me o sangue. Um nó apertava-se-me na garganta e nada, nenhum liquído, conseguia subir aos olhos. Pensava que se chorasse aceitava, e eu não queria aceitar.
Um acontecimento extraordinário na minha vida tudo alterou. A partir de então, dei por mim a chorar como uma Madalena por tudo e por nada. E sentia-me bem, menos tensa. Percebi, no entanto, que o caso estava a extrapolar o bom senso quando até a publicidade me comovia. Mas inaugurava uma sensação de alivio que a fúria de não conseguir chorar não me permitia atingir.
Hoje continuo a pensar que se chorar aceito e há coisas que eu não quero aceitar. Luto e combato quando penso que tenho razão. Esgoto-me, na mesma dimensão em que acredito.
Mas chega uma altura em que vejo de facto gigantes onde apenas estão moinhos insignificantes. E desisto. Não posso lutar mais. Não quero lutar mais, não me posso consumir nesta luta vã.
Percebo isso quando as lágrimas indisciplinadas me deslizam em silêncio pela cara.
Baixei os braços.

segunda-feira, abril 28, 2008

Se eu fosse...

Se eu fosse uma cobra - que não sou - preferia ser uma Boa a uma Víbora. É que sempre gostei mais de abraços, mesmo frios, do que picadelas quentes.

domingo, abril 27, 2008

Chico II

O que será? Que será?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
Que gritam nos mercados, que com certeza
Está na natureza, será que será?
O que não tem certeza, nem nunca terá
O que não tem conserto, nem nunca terá
O que não tem tamanho

O que será? Que Será?
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas, mais delirantes
Que juram os profetas, embriagados
Está na romaria dos mutilados
Está nas fantasias dos infelizes
Está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos, dos desvalidos
Em todos os sentidos
Será, que será?
O que não tem decência
Nem nunca terá!
O que não tem censura
Nem nunca terá!
O que não faz sentido...
O que será? Que será?
Que todos os avisos
Não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinosIrão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo padre eterno que nunca foi lá
Olhando aquele infernovai abençoar!
O que não tem governo
Nem nunca terá!
O que não tem vergonha
Nem nunca terá!
O que não tem juízo...

O que será (À flor da terra) in Chico Buarque

Do Chico, com saudade I

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...

A roda da saia mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

Roda Viva, in Chico Buarque

O meu Jacarandá

É oficial, o velho jacarandá da Rua Barata Salgueiro já tem os primeiros cachos de flor da época.
Estamos a 27 de Abril e a floração deveria iniciar-se lá para os fins de Maio.

Nostalagias

Em manhã de calor na minha cidade consegui ouvir na rádio hoje de manhã, tudo de seguida, We are the world, Homeless e o Enola Gay. E senti-me a garota de há 20 anos atrás.

sábado, abril 26, 2008

Cada chefe, cada ... amigo que nós temos

Ao longo da minha vida profissional, como na pessoal, tenho encontrado grandes mestres. De sabedoria inquestionável, de um humanismo genuíno que não se traduz em grandes feitos, mas tão somente nos feitos do dia-a-dia. Aprendi e continuo a aprender com eles. Aprenderei sempre, porque fui educada a acreditar que todos nos completamos no saber.
Mas mais importante do que o saber, aprendi com os meus mestres a respeitar os outros. Esse respeito que não passa pelas discussões, mais ou menos acaloradas pelo vigor do trabalho, mas pelo carácter das pessoas.
O chefe, mesmo a quem se lhe reconhece grande sabedoria, de nada serve se não granjear o respeito dos seus pares, sobretudo daqueles que dirige. Claro que há chefes que entendem que o respeito advém do estatuto ou, talvez, do poder 'divino' de que foram investidos. A História está cheia de maus exemplos destes. É medíocre, o chefe que se impõe pela autoridade e não pelo respeito. E mais tarde ou mais cedo a medíocridade revelar-se-á.
Nos tempos que correm, em que os profissionais das diferentes áreas asseguram a cadeia de produção do seu próprio trabalho, sobra pouco para os chefes que querem brilhar pela sua mão de ferro. Hoje em dia, uma liderança eficiente só se afirma pela gestão de recursos, meios e pessoas.
Eu que sou optimista acho que é uma espécie em vias de extinção, para bem das organizações.

sexta-feira, abril 25, 2008

25 de Abril SEMPRE

Eu sou uma criança de Abril.
O que sou hoje agradeço aos meus pais que me criaram e, felizmente, ainda hoje estão presentes em todos os momentos.
O que sou devo-o aos meus professores, que me ensinaram desde sempre que na escola não iria aprender só a ler e a escrever, mas sobretudo aprenderia a ser gente.
O que sou devo-o ainda aos meus amigos e conhecidos, que me ensinaram a diferença entre uns e outros.
Mas o que sou - o que indiscutivelmente fez a grande diferença na minha vida - devo-o a um grupo de homens que não conheço, mas que me deixaram um País onde podia crescer e falar em liberdade, onde apenas sou responsabilizada pelos meus actos e não pelas minhas opiniões.
Sou jornalista e escrevo em liberdade.
Esta é herança que recebi e que sob compromisso de honra quero deixar aos meus filhos.


quinta-feira, março 27, 2008

O desafio


Há dias em ficamos assim, indecisos entre subir, descer ou, simplesmente, ficar. Todas as decisões nos obrigam a escolher. Como num equação matemática, adicionando vantagens ou desvantagens, subtraíndo medos e fantasmas. No final de contas, o que importa mesmo é que as escadas estão ali e é preciso subi-las. Ou descê-las.

O calhau azul caído dos céus

A notícia mais surpreendente do dia de ontem: um carteiro apanhou o susto da sua vida, quando uma pedra de gelo azul, vinda sabe-se lá de que universo, lhe ia caindo em cima. A despeito do aquecimento global que se faz sentir cá por estas bandas e destas alterações climáticas dos tempos modernos, este gelo revela desde logo uma anormal tendência para não se esvaír em água, uma vez que cinco horas depois, quando o carteiro voltou ao local, o calhau ainda pesava mais de meio-quilo.
E estava eu para aqui a pensar, 'pronto, eis uma evidência científica de que não estamos sós nos céus', quando de repente um dirigente da Associação de Pesquisa OVNI afirma convictamente que 'nada disso, não senhor". O fenómeno, afiança o sr. Luis Patrício, não tem nada a ver com OVNIS, deve ser mesmo é um efeito atmosférico qualquer.
Ora bolas.

A descida do IVA

O ministro das Finanças recomenda aos agentes económicos que façam refletir a descida de 1% do IVA nos preços de venda aos consumidores.
Os consumidores aplaudem e, finalmente, podem começar a gastar fartazana.
Bem sei que este abrir mão de 1% do IVA significa para o Estado não encaixar cerca de 200 milhões de euros, mas vale de alguma coisa?
Alguém pensa que os comerciantes, vergados sob uma recessão económica cujo fim não se vislumbra, vão fazer diminuir 1% o preço de venda dos produtos? E mesmo que o fizessem, que impacto teria isso no bolso do consumidor?

Ajuda os comerciantes da da linha de fronteira com Espanha, sabendo-se que o IVA do lado de lá continua agradavelmente nos 16%?Também não me parece.

Para corrigir a 'loucura' do défict excessivo, o Estado aumentou o IVA de 19% para 21%. O mínimo que se esperava agora era a reposição das condições que existiam quando o défict estava controlado. Tal como parece estar agora.

Não o fazendo, mais valia por agora estar quieto e assumir já, sem falsos pudores de virgem imaculada, a descida dos impostos apenas em ano de eleições. Ou seja para o ano.

quarta-feira, março 26, 2008

Preocupações verdes

Parece que há um grupo de portugueses, que já assinou uma petição suportada por uma organização ecologista, preocupado com a eventualidade da gestão da Reserva Ecológica Nacional passar para a competência das autarquias.
A preocupação, se bem percebo, resulta do anátema, que recaí sempre sobre as câmaras, segundo o qual elas se vergam ao peso do betão. E, como tal, a partir do momento que pudessem dispor sobre os terrenos da REN deixariamos de ter áreas verdes, paisagens protegidas, etc.
Acho isto de uma hipocrisia sem fim.
Até agora - e pelo que percebi assim continuará - a gestão da REN tem pertencido à Administração Central, Mas isso significa que temos uma melhor paisagem protegida? Ou florestas mais cuidadas? Que temos menos incêndios ou menos inundações? Ou, quiça até que temos um litoral imaculado dos patos bravos da construção civil?
Parece-me que não. E sinceramente acho que, com algumas limitações de âmbito nacional, os municipios devem poder dispor dos seus territórios. Primeiro porque os conhecem, segundo porque é o governo que está mais próximo das populações e terceiro porque são os goevrnantes locais os primeiros interessados em manter preservadas as suas paisagens naturais.
Sob risco de não o fazendo matarem a galinha dos ovos de ouro, perderem população e investimentos locais.

terça-feira, março 25, 2008

Rácios e estatísticas

O meu Diário de Notícias titula hoje que 'Portugal tem em média um polícia para 227 habitantes', um trabalho dos meus camaradas Alfredo Teixeira e Daniel Lam.
O rácio desperta-me logo uma dúvida sobre o desenvolvimento do meu País: Quantos médicos temos por habitante? E enfermeiros? E professores?
E já agora, quantos centros comerciais? quantos hospitais? quantas escolas?
Era só por curiosidade.

domingo, março 16, 2008

No rebentar da folha, o adeus a Rodrigues Maximiano

Morreu o Procurador Rodrigues Maximiano, o primeiro Inspector-Geral da Administração Interna e um dos mais influentes magistrados do Ministério Público das última década. Na hora da despedida recordo de Rodrigues Maximiano o gosto pela palavra, a grandeza dos gestos e a escolha das gravatas de tons vivos, sempre num hino à alegria.
E recordo-lhe, sobretudo, a irreverência do políticamente incorrecto.
Numa altura em que o País se agitava com os fantasmas securitários, com as cifras negras da criminalidade, com as milicias populares, o Governo socialista reagia prometendo semear polícias municipais em todo o lado.
Sem medo das palavras, Maximiano punha o dedo na ferida, lembrando que o nosso problema não era de falta de polícia. Na Europa, apenas a Itália tinha mais polícias por habitante, que Portugal. O Procurador adivinhava um País de xerifes e confessava não ser apreciador do estilo.
Para Rodrigues Maximiano, bastava que a policia fosse, efectivamente, polícia e deixasse de ficar agarrada a serviços burocráticos em quartéis e esquadras. Por muito que isso não agradasse, ao espectro militarista que ainda dominava as forças de segurança e que tinha direito a dez praças por cada capitão.
Sempre lutando por uma policia de proximidade com os cidadãos. Pela Lei, em deterimento do gatilho. Portugal ficou hoje mais pobre.

Dupla personalidade

Há uma auréola de fascínio sobre as pessoas que conseguem levar uma vida dupla. Sofrem sobre si mesmas, permanentemente, mas embaladas no doce balanço da felicidade. Cultivam a dupla personalidade e revelam sentir-se bem com isso. Feitas as contas, talvez sejam maiores os ganhos que as perdas. Ou a ilusão do que poderiam ter ganho. Como a princesa que preferiu ser rainha por um dia e abriu mão de todo o Reino que poderia ter.

quinta-feira, março 13, 2008

'No pasa nada'

Palavra que uma das coisas que mais impressão me mete é a nossa capacidade colectiva de alienação. Vivemos uma das maiores crises económicas de que há memória na nossa história recente. Todos os dias somos trucidados com notícias sanguinárias, actos tresloucados, acidentes brutais. E resistimos, como se nada fosse. Transportamos essa alienação para o nosso mundo particular e em face dos erros, das dúvidas e das certezas, já nem fazemos de conta que somos fortes e corajosos. Olhamos e no pasa nada. Já deixámos de sentir, nada (nos) importa, só falta saber quando deixaremos de ver e de nos incomodar? Aborrece-me este conformismo amorfo.

domingo, março 09, 2008

Crenças


Acho que Espanha fica melhor governada com Zapatero e que os Estados Unidos da América ficariam diferentes se Barak Obama chegasse a presidente. Apetece-me usar - apropriadamente - a máxima dos X Files: I believe!

sexta-feira, março 07, 2008

O Estado do desassosego

Ouvi o secretário-geral do Partido Popular dizer agora, na RTP1, que se fosse professor também iria à manifestação de amanhã. Que pena Paulo Portas não ser professor, para o vermos a desfilar com indignação. Mas este é um sinal preocupante: então as manifestações e a contestação não são actos de comunas e quejandos?
Bem, qualquer dia, com tantas surpresas, já não me espantaria ver Paulo Portas a fumar!

quinta-feira, março 06, 2008

Desacreditar na Justiça

Retenho da actualidade dos últimos dias uma notícia: os familiares das vítimas da queda da Ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios, decidiram, por unanimidade, não apresentar queixa contra o Estado português pela incúria que levou ao desabamento da ponte, em 2001, arrastando para uma morte evitável 59 pessoas.
Mais do que a decisão, observo esta notícia com a mágoa sentida daqueles que perderam os "seus", mas noto, acima de tudo, a descrença absoluta na Justiça. De quem cerra os dentes de raiva e olha para o vazio, atado de pés e mãos.
O porta-voz da associação, que se constituiu a seguir à tragédia, deixou claro que ainda ponderaram pedir uma indemnização simbólica ao Estado, mas abandonaram essa possibilidade, simplesmente porque já não acreditam. Têm motivo para isso.
Na noite de 4 de Março de 2001 uma ponte rodoviária, importante elo de comunicação regional numa zona muito carecida de acessos, desabou como um castelo de cartas, arrastando para as águas do rio Douro um autocarro e três automóveis ligeiros. Na madrugada seguinte, o ministro das Obras Públicas, Jorge Coelho, anunciava a abertura do tradicional inquérito e a seguir demitia-se para que a culpa não morresse solteira.
Do resultado do inquérito, concluiu-se pela existência de muitas incúrias: o desassoreamento desenfreado do rio, a falta de vigilância e manutenção das estruturas e equipamentos rodoviários, o centralismo democrático que ignora as necessidades do País Real, o abandono total e absoluto de zonas economicamente deprimidas. O tribunal, em 2006, não imputou culpas a ninguém. E perante a decisão judicial assumiu-se a fatalidade que só costuma acontecer aos outros. Somos, de resto, o país das fatalidades e do encolher de ombros.
A tragédia virou os holofotes para Entre-os-Rios. A sua dimensão não podia ser escondida. Castelo de Paiva tornou-se quase o centro simbólico do País deprimido a quem era conferida uma nova oportunidade. A administração central piscou os olhos à câmara, incentivou a construção de estradas, apoiou a construção de escolas, a renovação de equipamentos. Para não deixar fugir a oportunidade, a câmara endividou-se mais do que podia, porque se não aproveitasse as condições vantajosas para rasgar outros caminhos, a população nunca mais os teria.
O balanço, volvidos sete anos, é angustiante. O Estado esqueceu o apoio psicológico às vítimas, a câmara -um dos maiores empregadores da região - está à beira da falência, sem possibilidade de gerar receitas próprias e completamente dependente das transferências do Orçamento de Estado, muitas das obras ficaram a meio porque os construtores não se governam com piscar de olhos.
Eu percebo o que os familiares das vítimas sentem quando baixam os braços e dizem ser pessoas de bem, por isso sabem quando parar. E fico a pensar na aplicação da Justiça diária, em casos bem mais comezinhos, mas onde é igual a impotência, a angústia e, por fim, o baixar de braços perante o moinho, que, na prática, é mesmo um gigante aterrorizador.
Feito o luto, importa agora proteger os vivos. E essa é talvez a mais angustiante manifestação de cidadania.

Tempo de renovação




Ontem foi dia de faina jardinal. As plantas cá de casa precisavam de atenção, terra nova e galhos aparados. Ficaram lindas. A este Sol que sabe bem, quentinho de Março.

sábado, março 01, 2008

De regresso à cidade


Está Sol e há sinais de esperança, de reconciliação e de alegria.
É bom estar de bem com a vida.