segunda-feira, outubro 15, 2007

Os clientes perdidos e os 'perdões' do BCP

Agora percebo porque motivo o Millennium BCP não quis rever o meu spread de 1.6 no meu empréstimo habitação, em Janeiro de 2006, obrigando-me a transferir o crédito para outra instituição bancária.
Não percebia, porque pensava que os bancos tentavam tudo para manter os clientes, mas o BCP nem quis negociar. Numa altura em que a concorrência promovia o spread de 0.2, o BCP argumentava que era impossível reduzir a sua margem e pronto.
Quando li a notícia do perdão de 15 milhões ao filho do presidente executivo do banco e de outro perdão de 12,5 milhões a um empresário accionista, percebi finalmente: o dinheiro não chega para tudo.
Confesso que tenho algumas curiosidade em saber quantos empréstimos o BCP, o maior banco privado português, perdeu nos últimos três anos, por se recusar a renegociar com os seus clientes a sua margem de lucro (spread).

O Alzheimer do 'cão de guerra' na hora da morte

Na hora da morte de Bob Denard, personagem que espalhou o terror por terras africanas durante décadas a fio, sempre com o beneplácito dos interesses franceses e britânicos, fixo o facto de o mercenário ter morrido com Alzheimer. E pergunto-me se não terá sido um acto divino misericordioso para que, na hora da morte, não lembrasse as atrocidades que protagonizou. Ou talvez não. Talvez o peso dessas atrocidades fosse suficientemente forte para o fazer esquecer e não se querer lembrar. Como acredito na acção e na reacção, também acredito que há um fio condutor invisível no universo que faz com que tudo se equilibre, nada acontecendo por acaso. Denard serviu de mote à inspiração de Frederick Forsyth no romance "Os cães de guerra". Um pálido retrato das incursões militares da sua matilha pelo Congo, por Angola, pelas Comores e pelas Seicheles. O branco todo poderoso entrou nas Comores em 1975 para derrubar o presidente Abdallah. O golpe de Estado colocou na presidência Ali Solih. Anos mais tarde, o mercenário voltou às Comores para derrubar o homem que, à força, tinha ajudado a pôr no poder. Depois da morte de Solih, o 'cão' reabilita o fantasma que então tinha derrubado. Com Abdallah no poder das Comores, o cão de guerra torna-se comandante da guarda e senhor absoluto do País, até que um novo golpe, desta vez não controlado por si, derruba Adballah. Ainda tentou reagir o mercenário, mas perdeu. Antes de entrar no novo milénio, despediu-se das terras africanas e decidiu vir morrer a casa, à sua França Natal. Com as mãos sujas de sangue e sem lembranças. Parece estranho morrer em paz, quando se viveu toda a vida em guerra.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Um erro (britânico) de casting





Al Gore e o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU acabaram de ser distinguidos com o prémio Nobel da Paz 2007. Não podia estar mais de acordo, por tudo o que já escrevi sobre este assunto. Associar a nossa consciência colectiva de preservação do Planeta à Paz parece-me, por outro lado, extremamente feliz, porque uma e outra coisa fazem parte do mesmo Todo universal: o nosso mundo, o nosso bem estar social e o nosso futuro.

Nestes, como em outros assuntos, há sempre uma pedra na engrenagem. Ontem, protagonizada e divulgada à escala mundial por um zeloso juiz britânico, que decidiu dar provimento a outro zeloso pai que apresentou uma queixa contra o documentário "Uma verdade inconveniente". Alegando estar preocupado com a educação dos filhos (!) , o cidadão britânico argumentou que o filme apresentava factos que não estavam cientificamente provados. E o ainda mais zeloso juiz britânico disse-lhe que sim, ordenando na sua sentença que o documentário seja exibido com uma nota explicativa dos nove erros científicos que o político norte-americano teria cometido.

O zeloso magistrado britânico nada disse sobre uma coincidência de opiniões entre a comunidade científica e o político norte-americano: as opiniões são muitas e podem variar, mas todos concordam que o aquecimento global existe e é provocado pelo Homem.
(Desconheço a autoria da foto e da simulação infográfica, portanto não as posso citar, mas agradeço o seu contributo)

quinta-feira, outubro 04, 2007

Dictomia de espécimens

Dou a mão à palmatória: Só há uma espécie pior que os medíocres:
Os cobardes.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Gigantes que não vemos

Ao pensar nos moinhos de vento, lembrei-me de Muhammad Yunus e senti uma grande tranquilidade. Percebi que há gigantes bons.
Às vezes, simplesmente, não os vemos.

Celíacos, uma doença desconhecida

A Associação Portuguesa de Celíacos (APC) tem a decorrer uma petição para solicitar ao Estado apoio no reconhecimento da doença que se traduz na intolerância ao glúten. Os doentes celíacos, ao ingerirem alimentos com glutén, fragilizam o seus sistema imunitário de tal ordem que, em último caso, podem morrer com grande hemorragias
Como sabemos quase todos os alimentos comercializados tem glúten, embora exista um cada vez maior número de marcas que começam a fazer linhas especiais sem glúten. O grande problema é que são alimentos muito mais caros.
A petição da APC visa únicamente solicitar que os alimentos sem glúten específicos para os Celíacos sejam equiparados aos medicamentos e possam assim ser incluídos na declaração de IRS na rubrica de despesas de saúde com IVA a 5%.
Quiem quiser assinar a petição e conhecer melhor a doença pode fazê-lo em http://www.celiacos.org.pt/.

Contra moinhos e gigantes

Passamos a vida a lutar contra moinhos de vento. Brandimos a espada em busca dos gigantes que nos atormentam. Mas só golpeamos o vento.
Uns dias pregamos para os peixes, nos outros abrimos vespeiros. E cansamo-nos. Mas lutamos sempre. Para não nos deixarmos consumir na luta.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Podem explicar-me, por favor?

Há dias um jornal de expansão nacional titulava assim em manchete:

CONDENADOS: 19 ANOS de cadeia por ter morto na Lousã homem que, ao simular relações sexuais com frigorífico, lhe terá ofendido a esposa.

Eu li cinco vezes e continuo sem perceber: o sujeito da frase, a razão da sentença, a mulher de quem. É óbvio que o pudor editorial me faz não citar o autor, nem a publicação. Mas para que ninguém se sinta tentado a rir da desgraça dos outros também já li nos jornais (todos diferentes e ainda existentes), pérolas idênticas que partilho:

"(...)o morto foi assinado com 27 facadas, uma das quais terá sido mortal",
"(...)a Armada continua à procura do mancha negra"
e, a melhor das melhores,
"O cádaver do morto foi encontrado a boiar no fundo das águas do rio(...)"