Faço uma pausa no meu bairro para lançar um olhar sobre o meu mundo. Deve ser do tempo cinzento, a ameaçar chuva, mas cada vez tenho menos paciência para os idiotas que pensam que conseguem manipular a opinião pública. No Canadá, centenas de emigrantes portugueses correm o risco de deportação para Portugal. É entendível que se trata de uma situação politicamente delicada: Portugal e o Canadá são aliados, ambos são estados de Direito - onde impera a Lei - e ambos são senhores da "arrumação das suas casas".
Ora, o nosso MNE (de quem não sou particularmente admiradora, mesmo quano se travestiu de homem de esquerda) resolveu pegar nas suas tamanquinhas e ir ao Canadá, procurar resolver este assunto pela via diplomática. Parece-me bem e a única coisa possível de ser feita: pedir às autoridades canadianas bom senso na aplicação da lei, para se evitarem situações dramáticas de separação de famílias.
De resto, o Canadá é soberano e por muito que nos custe e nos doa, só podemos manifestar a nossa crítica social.
O insólito deste caso é que quando Freitas do Amaral chegou ao Canadá, apareceu um advogado "amigo dos portugueses" em bicos de pés a gritar que era um insulto e uma afronta aos canadianos e um mau serviço aos emigrantes portugueses a ida do ministro português a Toronto.
Está tudo maluco ou é só impressão minha?
Ninguém se pergunta porque é que o rapaz Ricard Boraks ficou tão mal humorado com a visita do ministro português? É que até parece que a conversa entre os dois MNE's foi produtiva e, calhando, Mr. Boraks ainda perde a clientela portuguesa - uns desgraçados emigrantes a quem advogados de reputado nome, transvestidos de angariadores de mão-de-obra, prometiam o leite e o mel nas frias terras canadianas. Quando as coisas davam para o torto (quer dizer, quando os desgraçados eram apanhados pela polícia) esses advogados não hesitavam em recomendar-lhe que pedissem o estatuto de refugiados.
Pois é. Acabam como estão a acabar: obviamente o Canadá não reconhece o estatuto de refugiados aos portugueses e indica-lhe a porta da rua, que é como quem diz o avião de regresso à pátria lusitânia que não sabe o que há-de fazer com eles.
Compreende-se que Mr. Boraks esteja indignado com o MNE que lhe estragou o negócio, mas era muito interessante seguir a pista do trabalho no Canadá. Talvez assentassem em terra os impropérios que a criatura lançou no éter contra o ministro português e os portugueses.
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