Morreu o Procurador Rodrigues Maximiano, o primeiro Inspector-Geral da Administração Interna e um dos mais influentes magistrados do Ministério Público das última década. Na hora da despedida recordo de Rodrigues Maximiano o gosto pela palavra, a grandeza dos gestos e a escolha das gravatas de tons vivos, sempre num hino à alegria.
E recordo-lhe, sobretudo, a irreverência do políticamente incorrecto.
Numa altura em que o País se agitava com os fantasmas securitários, com as cifras negras da criminalidade, com as milicias populares, o Governo socialista reagia prometendo semear polícias municipais em todo o lado.
Sem medo das palavras, Maximiano punha o dedo na ferida, lembrando que o nosso problema não era de falta de polícia. Na Europa, apenas a Itália tinha mais polícias por habitante, que Portugal. O Procurador adivinhava um País de xerifes e confessava não ser apreciador do estilo.
Para Rodrigues Maximiano, bastava que a policia fosse, efectivamente, polícia e deixasse de ficar agarrada a serviços burocráticos em quartéis e esquadras. Por muito que isso não agradasse, ao espectro militarista que ainda dominava as forças de segurança e que tinha direito a dez praças por cada capitão.
Sempre lutando por uma policia de proximidade com os cidadãos. Pela Lei, em deterimento do gatilho. Portugal ficou hoje mais pobre.
domingo, março 16, 2008
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4 comentários:
Quando morre alguém que zelou pela "res publica", fica uma memória e um exemplo de um cidadão devotado aos outros. O Maximiliano, para mim, continua vivo na ideia e no pensamento. Assim saibamos continuar a aprender com ele.
Júlio
visita o meu blogue http://devoltaaoestadonovo.blogspot.com/
e se possivel acresta-me na tua lista.
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