Ontem fui visitar o Fluviário de Mora, pretexto para fazer 300 quilómetros em dia de grande circulação rodoviária. Mesmo evitando os principais itinerários, e saíndo de manhã para regressar ao fim do dia, fui confrontada com muito automóveis em circulação, desde o condutor em viagem para umas mini-férias, às centenas des camiões que circulam ao dia de semana pelas estradas nacionais, misturando-se com os utentes habituais de percursos diários.
Mandaria a prudência que, por isso, as cautelas fossem maiores, até porque muitos locais continuam pessimamente sinalizados, muitas estradas nacionais e secundárias estão numa lástima, faltando sinalização horizontal, vertical e indicação clara de bermas baixas em muitos locais.
Mas não. Continuamos a conduzir como se aquele fosse o último dia que tivessemos para o fazer. Eu vi, não me contaram, ultrapassagens no fio da navalha, automóveis e motorizadas a circularem, pelo menos, a 140 Km/h em estradas nacionais e, sobretudo, muitas pessoas a circularem com os carros extremamente carregados em velocidades manifestamente excessivas para os locais onde, no instante em que os vi, circulavam.
Confesso que tenho cada vez mais medo de circular nas nossas estradas e esse medo acentua-se em temporadas destas, porque sei como tudo pode mudar num simples segundo.
Podemos sempre pensar - nada poderia prever, mas isso é falso. Todos nós podemos prever a tragédia se pensarmos que ela não acontece só aos outros e que todos nós andamos nos limites.
Observo agora as primeiras informações da Brigada de Trânsito sobre a actividade operacional no primeiro dia desta Páscoa e não deixo de pensar, com algum cinismo, que é sempre o mesmo: nos primeiros dias da operação de reforço de fiscalização as informações apontam sempre para uma Páscoa ou um Natal pior do que no ano anterior. Depois, nos dias de regresso, tudo se transforma em calmaria e as estatísticas, como por milagre, acabam a revelar que, afinal, até nos estamos todos a portar melhor nas estradas, porque os resultados são mais positivos do que na Páscoa ou no Natal do ano anterior.
Por quanto tempo mais vamos continuar a aceitar que a sinsitralidade rodoviária seja apenas um conjunto de números? Porque motivo não revelam a PSP e a GNR os locais, os dias e as horas em que acontecem os acidentes com vítimas graves?
Só essa informação credibilizará a realidade portuguesa sobre a sinistralidade rodoviária, caso contrário andamos todos a assobiar para o lado a pensar que os acidentes são uma tragédia que só acontece aos outros.
sexta-feira, abril 06, 2007
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