sexta-feira, abril 27, 2007
Vidas paralelas
Leio agora na Lusa que um empresa, a Linden Labs, está a desenvolver a Second Life, uma ferramenta na Internet que permite simular uma vida paralela à real. Não só para possibilitar o lazer, como para promover negócios. Os promotores assumem, sem qualquer pudor, tratar-se de um escape. É fantástico. Eu acho até que podemos passar bem sem o calor dos afectos, pois qualquer teclado nos assegura um transporte para o paraíso que desejamos. Talvez falte o convívio, mas é tudo uma questão de hábito.
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4 comentários:
Viver uma vida paralela, construida pelo próprio duma posição de adulto, pode ser um exercício, uma experiência laboratorial. Cada um idealiza o corpo e personalidade que quer assumir, uma espécie de alter-ego. Fazer de conta, brincar aos personagens, pôr máscara ... fingir, manipular, já faz parte do nosso quotidiano. Seria interessante uma análise científica dos "duplos". Fernando Pessoa, com os seus numerosos heterónimos, construindo personagens com identidades, profissões e gostos diferentes, já o fez!
Júlio Pêgo
Pessoa fê-lo com génio. Mas será que num jogo de computador podemos ter a mesma genialidade? Ou, pelo contrário, criamos virtualmente um mundo em que gostariamos de viver, deixando-nos seguir pela ilusão dos afectos?
De acordo. Nada substitui a realidade palpável, a percepção captada pelos nossos sentidos e elaborada nas nossas memórias. Contudo, existem outras realidades (por exemplo, esta, a Net) que apesar de virtual nos atrai e informa. Faz-nos viajar no espaço da comunicação, trocando ideias e opiniões, sem apresentações sociais, criando também prazer e sonho.
De acordo também, se esta realidade for exclusiva, delegando para segundo plano a vivência pessoal.
Júlio Pêgo
Também me parece.
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