domingo, julho 22, 2007

O milagre da duplicação dos meninos

O primeiro-ministro resistiu a decretar políticas de apoio à maternidade.
Os autarcas, sobretudo os do interior desertificado, há muito que enveredaram por políticas de descriminação positiva, procurando fixar população nos seus pobres territórios. Apesar dos apoios residuais, na maioria apenas simbólicos - 500 ou 1000 euros - foram alvo de críticas e acusados quererem fazer depender o nobre acto da concepção do vil metal.
A Administração Central do Estado foi a primeira a torcer o nariz a tais políticas. Já o mesmo não aconteceu em outros Estados, muito menos Nação do que o nosso. O apoio concedido por alemães - segundo creio 5000 mil euros por cada filho - e por espanhóis -2500 euros por criança - entrou no ouvido dos portugueses, sempre muito dados ao som dos números.Do lado de lá do risco da fronteira - que para José Saramago tem cada vez menos razão de existir -o José espanhol achou mesmo que o apoio à maternidade era um desígnio do Estado. e terá sido o suficiente, para o nosso José compreender e tirar o coelho da cartola, com a surpresa que convém à magia, durante o apropriado debate do Estado da Nação, em fim de sessão legislativa.
Juntando à revelação, a preocupação política com o envelhecimento social, o primeiro-ministro disponibilizou a antecipação do abono de família nos últimos seis meses de gravidez e o aumento substancial do apoio do Estado para quem tenha mais de um filho.
Parece-me bem.
E pela minha parte já estou em bicos de pés. Agora só não sei se devo ir já para a Terrugem de Baixo ou engravidar primeiro.

4 comentários:

Ninas disse...

Até fico envergonhada com as medidas que se criaram: esmolas que nem olhos tapam ...

A minha sorte é que a situação económica do meu agregado familiar me permite pensar em ter mais que um filho.

Coca disse...

Não sou tão radical, Ninas. Acho que uma política de apoio à natalidade não passa apenas por subsídios de apoio aos nascimentos, sejam eles da administração central ou local. É preciso mais: um sistema de saúde que responda com eficácia durante a gravidez e nos primeiros anos de vida da criança, apoios financeiros mais significativos aquando do nascimento, uma política de família coerente, com consultas de planeamento familiar acessiveis nos centros de saúde, a educação obrigatória efectivamente gratuita, etc.
Os incentivos financeiros são uma ajuda, não os despreze. Apesar de os considerar uma esmola (o meu Dani recebe 10€ de abono de família por mês), para muitas pessoas, esses 20 ou 40€ podem ser muito importantes. O que me parece rídiculo é a forma avulsa como estas políticas são implementadas, ao sabor de uma corrente populista. Acho muito bem que um Estado envelhecido apoie as grávidas a partir do terceiro mês, mas não é com 100 euros, que se calhar não pagam uma ecografia. Nesse aspecto, penso que espanhóis e alemães nos levam vantagem: se a ideia for premiar financeiramente as mulheres que optem por ter filhos, então que o Estado o faça de uma vez só. É mais coerente.

Durante 14 anos fui filha única e sempre tive uma pena imensa de não ter irmãos. Se está a pensar ter mais filhos, não hesite. Há sempre a parte do convívio... mas o bom mesmo é vê-los crescer e aprender com eles.

Pisca disse...

Para além de todas as considerações que estão nos comentários já expressos, com os quais concordo em absoluto.

As medidas anunciadas limitam-se a meu ver, a premiar o acto e resultado, mas uma vez o produto colocado à luz do dia, acabam aí as benesses.

Se a Mãe estiver a recibo verde, ficou a chuchar no dedo e o mais provável é não passar mais recbos.

Se estiver com contrato a prazo, já findou e não será renovado.

E muito mais...., era bom que se esgotasse aqui.

Quem conscientemente tiver a possibilidade, que o faça, mas tendo em conta que é um contrato vitalicio.

ps: Bem vinda de novo Coca, sentimos a sua falta, e uma muito boa semana

Coca disse...

Essa é que essa. E felizmente é um contrato que nos satisfaz emocionalmente.

Sempre atento Pisca, mas estive sempre por cá, a morder-me toda com vontade de ir botando umas prosas, mas sem tempo para me coçar. Foram dois ou três dias sempre a abrir e este mês de férias não auspicia grandes folgas.