Com a vénia devido ao meu amigo e mestre Baptista Bastos, reproduzo a sua lúcida crónica no DN de hoje:
"A direita não sofreu uma derrota calamitosa, como afirmaram alguns preopinantes, tendo em conta que Carmona e Negrão obtiveram resultados surpreendentes. O facto, sendo um princípio de perplexidade, não deixa de fornecer o retrato inquietante do grau de exigência do eleitorado. E falhou, também, neste resultado, o princípio segundo o qual não se repete aquilo que não existe. E a vitória do PS parece-me representar o desespero de causa de um eleitorado que já nada sabe o que fazer, a não ser tentar atenuar o seu calvário.
O fenómeno Helena Roseta corresponde a outra procura. De quê? De qualquer perspectiva num teatro de sombras, que somente singulariza uma pequena revolta, simpática, sem dúvida, porém equívoca. O "sistema" manteve-se, intacto, tal como o pretendem os partidos, os interesses, os territórios de domínio. Manteve-se e funcionou na banalidade imperturbável, com as suas pequeninas religiões, as suas liturgias, as suas intermináveis transições de um lado para o mesmo lado.
Evidentemente, António Costa irá mexer em alguma coisa, mas tudo desemboca em múltiplas incertezas, uma das quais incide sobre os entendimentos pós-eleitorais. Nada de sobressaltos infundados. Nada de expectativas muito amplas. Costa foi o número dois num Governo que tem praticado malfeitorias inomináveis. Não acredito neste PS, porque não interpreta os valores da Esquerda: deixou de possuir imperativos morais, convicções, decência e projectos alternativos.
Eis porque não foi a Esquerda que ganhou a Câmara.
segunda-feira, julho 16, 2007
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3 comentários:
Pelos vistos lemos os dois o mesmo, fez-me muito bem à Alma ter lido o BB pelas 7 da manhã
A sua lucidez e forma de ver as coisas são meu antidoto para tanto disparate despejado aos baldões, que poderiam ser graves se não estivesse já bem vacinado
Estive para copiar e fazer um post.
Poupou-me o trabalho e fê-lo decerto bem melhor que eu.
É um mestre.
Tu também sabes, Pedro.
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