quarta-feira, maio 23, 2007

Silêncios

Nunca gostei de muros. Nem de barreiras. Ou de distâncias. Separadores de vontades, mais rígidos que os quilómetros. Os muros de silêncios aumentam as distâncias. E com eles perde-se tudo o que se poderia ver, para lá das palavras. Podemos saltar. Mas temos medo, por não sabermos o que está para lá do muro. Ou temos medo porque imaginamos o que iremos encontrar. Alimentamos a certeza do que imaginamos. E a olhar o muro, ficamos assim, com as mãos vazias do que perdemos. A ouvir o som doloroso do silêncio e a enganar as saudades do que imaginámos. Se tivéssemos saltado, quando quisemos ficar parados. É de fel este engano que nos molda o esforço.

Sem comentários: