quinta-feira, junho 14, 2007

A verdade a que tínhamos direito...há 17 anos

Fez ontem - dia de Santo António - 17 anos que saiu para a rua a última edição do jornal o diário. Foi uma grande escola de jornais e de jornalistas. Foi ali que fiz os primeiros três anos de profissão e onde aprendi, com grandes camaradas, a importância de observar e de escrever com rigor o que via e o que me diziam. De separar a notícia - os factos - de opinião. E de cada vez que me lembra esta necessária separação recordo as sábias palavras do Joaquim Benite, com quem me peguei várias vezes: "O leitor está-se nas tintas para a tua opinião. O leitor quer saber o que se passou". Apenas isso. E 20 anos depois continuo, todos os dias, a tentar ser fiel a essa separação, apesar de viver numa sociedade onde, cada vez mais, se misturam opiniões com factos, numa mastigação colectiva que nos permite ter e fazer opinião sobre tudo.
Mas foi também em o diário que deixei cair por terra as minhas primeiras ingenuidades políticas, quando percebi que eram muitas as verdades a que tínhamos direito, consoante o lado economicista (ou direi político) de que estávamos. Quando percebi que o diário de esquerda onde tantas linhas se escreveram sobre a defesa dos direitos dos trabalhadores foi afinal o primeiro orgão de comunicação social a encetar um processo de despedimento colectivo. Por coincidência, em 1992, quando o Mundo estava a mudar.

4 comentários:

Pisca disse...

Gostei deste post. Tive a oportunidade de me deixarem "entrar" de vez em quando nessa escola.

Depois fui para longe e a vida foi outra, mas valeu a pena.

Quanto ao Benite, aqui o vou encontrando em Almada de vez em quando.

Obrigado pela recordação

Coca disse...

O meu faro já me tinha alertado para a possibilidade de gostar deste post, Pisca. Mas é bom sabê-lo de viva voz. Sabemos que muito fica para dizer. Mas se calhar basta a lembrança. Foi isso que pretendi fazer. Abraço

Pisca disse...

Nem sonha quanto, em especial por ter "andado nas margens das letras".
Era "freguês" do Galvão (ou seria Goulão) e vice-versa.
Sobre o resto como em tudo, cada vez a memória mais selectiva.
Obrigado pela Lembrança e pela perspicácia.
Abraço

Coca disse...

Esperemos então, Pisca.