O homem aproveitou as férias para ir à Ucrânia buscar o filho. Já estava em Portugal há cinco anos com a mulher e, finalmente, optara por viver aqui, onde começavam a fortificar as raízes que, na sua Pátria fria, não tinham vingado.
Ontem, de regreso ao trabalho pelas oito da manhã, voltou a pegar no camião que conhecia bem. De Alcobaça para Alverca, optou por ir pela CREL e, sem que se perceba bem o que teria acontecido, o camião embalou-se na perigosa descida da A9 e acabou por capotar junto às cabines da portagem. E o homem ficou ali.
Foi a notícia do dia de ontem e calhou-me a mim, em regresso de férias, ir a Alverca, contar o que se passou. Sempre testemunha à posteriori relatando os factos que polícias, bombeiros e outras autoridades descrevem. Mesmo habituada, por força das circunstâncias profissionais, a lidar com tragédias destas, fiquei impressionada com o que vi. Com o que soube. E sempre que tenho de enfrentar situações destas lembro-me do cigano, um sábio inspector de polícia, que cansado de construir muros com as tragédias dos outros, no rescaldo de mais um homícidio desabafou com duas jornalistas que o convidaram para beber um café: "Estou farto de carregar cadáveres às costas".
Como nós percebemos o cigano, não é Marmar?
2 comentários:
Abri a noticia hoje de manhã por mero acaso, se não tivesse reparado em quem a assinava, não passaria do 1º parágrafo.
Grave é quando a "morte é vulgar", venha ela de forma venha, e por vezes até quando nos atinge.
Há dias lixados, de facto. Eu também não teria passado do título. Mas agora, nos jornais, estamos assim...
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